segunda-feira, 20 de junho de 2011

Já que nesse mundo nada se cria, que tal fazer uma cópia melhorada?

Já que nesse mundo nada se cria, que tal fazer uma cópia melhorada?




Já que nesse mundo nada se cria, que tal fazer uma cópia melhorada?

Em tempos de imaginação em baixa e “remakes” em alta, diretores e produtores podiam aproveitar os avanços tecnológicos para aprimorar os originais. Por Solange Noronha

9/04/2011 
Desde o início do ano passado, circulam na internet rumores de que Keanu Reeves pretende fazer um terceiro filme da dupla protagonista de “Bill & Ted — Uma aventura fantástica” (1989) e “Bill & Ted — Dois loucos no tempo” (1991). Esta semana, a imprensa informou que o roteiro está saindo do papel. Será? Caso a notícia se confirme, dá para se imaginar o motivo de tanta demora e tanta especulação: como transformar dois adolescentes debilóides em senhores quase cinquentões? Afinal, o ator, que nasceu no Líbano e foi criado no Canadá, faz 47 anos em setembro e seu parceiro de estripulias, o inglês Alex Winter, completa 46, em julho.
Ainda que tenham inspirado uma série de animação, exibida pela Rede Globo no início da década de 1990, os dois “Bill & Ted” nunca foram exatamente um sucesso de público e crítica. Seu ”revival”, portanto, só vem confirmar a falta de ideias que parece ser a praga do momento, pelo menos no cinema e na televisão. E como, com raríssimas exceções, sequências costumam ser piores que o original, recomenda-se manter a expectativa baixa.
Produto reciclado
Nas emissoras abertas, até não muitos dias atrás, a briga pelos melhores números nos medidores de audiência dava-se entre a reprise de “Pantanal” e a reciclagem de “Ti-ti-ti”, do saudoso Cassiano Gabus Mendes (com alguns elementos emprestados de “Plumas e paetês”, do mesmo autor). Não é nem preciso incluir na conta a eterna sessão vespertina “Vale a pena ver de novo”, embrião de um canal pago inteiramente dedicado às reprises, (um tanto contraditoriamente) chamado “Viva”.
Na TV por assinatura, a produção britânica “Merlin” foi uma grata surpresa ao aportar por aqui na HBO Family — que tem o recurso da tecla SAP, permitindo que se ouça o som original (é impossível imaginar o dragão sem a voz e o sotaque de John Hurt), e ficaria ainda melhor se disponibilizasse legendas em português. A série tem como atrativo recontar a lenda do personagem-título e de seu protegido Arthur mostrando-os ainda bem jovens, quando o primeiro é apenas um aprendiz de feiticeiro e o segundo, o príncipe herdeiro de Camelot.
Pois Camelot é também o cenário (e título) de uma nova versão adulta para a mesma história que acaba de estrear lá fora, no Starz. Entre muitos nus (especialmente femininos, como sempre), cenas de sexo e batalhas sangrentas, é o mago que mais uma vez está no centro da trama — como comprova o nome de seu intérprete, Joseph Fiennes, abrindo os créditos. A escalação da “bond girl” Eva Green para o papel de Morgana confirma que o seriado é coisa de gente grande. Jamie Campbell Bower, de 23 anos, vai ter que suar a armadura para o seu Arthur não sucumbir à rixa entre os dois.
A produção parece ser mais caprichada que a de “Spartacus”, outra série de época do canal pago que investe em imagens apimentadas, mas erra a mão na estética de “comic book” e no uso da tinta vermelha, visivelmente inspirada em “300”, embora não tão bem realizada. Só mesmo esperando chegar ao Brasil para ver no que vai dar.
Melville e o dragão
Outro clássico recontado muitas vezes é “Moby Dick”. Muito provavelmente, porém, Herman Melville jamais imaginou que sua baleia viraria um grande dragão branco (!). “Age of the dragons” é o nome dessa receita à moda Chacrinha-Lavoisier que nem o carisma de Danny Glover (o Ahab da vez) consegue salvar. A coisa é tão ruim que surpreende não ter sido lançada diretamente em DVD — destino da versão de 2010, em que o temível mamífero era capaz de proezas impensáveis, tais como voar e se locomover em terra firme. Pois o dragão gigantesco faz isso e ainda solta poderosas labaredas sobre seus frágeis perseguidores, que singram montanhas geladas a bordo de uma engenhoca batizada de Pequod, é claro.
É claro, também, que a bobagem estreou mal e vem descendo a ladeira. Se a ideia era aproveitar a onda dos dragões e tramas medievais no cinema, não colou. Se era apenas economizar os neurônios em vez de pensar alguma coisa original, melhor teria sido refilmar o roteiro de Ray Bradbury e John Huston, que este dirigiu em 1956, com Gregory Peck no papel principal. Mesmo com os parcos recursos tecnológicos daquele tempo, o filme dá banho em todas as outras tentativas de transpor o romance para as telas. Imagine então o que poderia render com os efeitos especiais de agora? O risco é ela parar nas mãos de James Cameron. O craque dos efeitos seria capaz de transformar uma fantástica história de obsessão numa historinha de amor água com açúcar.
Caro leitor,
Você também acha que estão faltando boas novas ideias no cinema e na televisão?
Tem algum filme ou novela que gostaria de rever sem mudanças na história, mas com os recursos que a tecnologia moderna permite?

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