SÃO PAULO
Na exposição de
Tatiana Blass, o absurdo ganha proporção de realidade
Público paulistano recebe mostra da artista plástica, que depois seguirá para Brasília e Salvador. Por Solange Noronha
Do sábado, dia 19, até 1º de maio, o visitante que chegar à Galeria Pedro II, da Caixa Cultural de São Paulo, será recepcionado com um vídeo de Tatiana Blass, cujos texto e imagens são esclarecedores do que o espera a seguir. O título da obra, “O engano é a sorte dos contentes” — em que uma atriz interpreta o texto enquanto um mágico faz um número de prestidigitação — e palavras como “assombro”, “inconcebível” e “absurdo” são a síntese do que pretende a artista: “A ideia é de induzir o público à contemplação da arte e fazer com que ele se deixe iludir, se deixe levar.”
Até algumas esculturas “deixam-se levar”, por assim dizer, pois são feitas de cera e, postas sobre uma placa de latão que se aquece lentamente, vão derretendo, “num híbrido de instalação”, como explica Tatiana, que também está expondo pinturas e mistura trabalhos inéditos a outros mais antigos, de diferentes fases: “As telas são figurativas e a tinta escorrega sobre elas da mesma forma que a cera se derrete. De certa forma, tudo fala de despedida, de desaparecimento.”
Relação com vários campos da cultura
José Augusto Ribeiro, curador da exposição e também curador de Artes Visuais do Centro Cultural São Paulo (CCSP), conhece Tatiana Blass há cerca de uma década e ressalta a intenção da mostra de “formalizar a relação de sua obra com outros campos da cultura”. Elementos da música, do teatro, da literatura e do circo estão presentes na exposição: “A seleção proposta busca este vínculo, esta conexão. Em todos os trabalhos é perceptível a existência de um espetáculo e sua impossibilidade de se consumar. Ele está acontecendo, mas nunca se realiza plenamente”, diz José Augusto, que é mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP).
Da capital paulista, a exposição seguirá para Brasília — onde fica de 21 de junho a 31 de julho — e Salvador — de 13 de dezembro a 12 de janeiro do próximo ano.
No Rio, onde há pouco tempo fez uma exposição individual no Centro Cultural Banco do Brasil, a obra de Tatiana continua presente no MAM até 17 de abril, na coletiva “Terceira metade”, em que a artista divide espaço com o angolano Yonamine e o português Manuel Caeiro.
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