sexta-feira, 18 de março de 2011

‘Povos indígenas no Brasil’ vistos por eles mesmos e pelas lentes de Rosa Gauditano

CULTURA

‘Povos indígenas no Brasil’ vistos por eles mesmos e pelas lentes de Rosa Gauditano

A Caixa Cultural de São Paulo abre exposição no sábado, dia 19, com 60 imagens da fotógrafa e quatro vídeos feitos pelos xavantes. Por Solange Noronha


Ainda existem hoje mais de 225 culturas indígenas no Brasil, totalizando cerca de 730 mil pessoas que falam 180 línguas diferentes. A fotógrafa Rosa Gauditano, diretora da Associação Nossa Tribo e da agência Studio R, documentou 34 dessas etnias, divididas em quatro regiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (veja o quadro logo abaixo do parágrafo). Juntamente com as imagens deste seu trabalho, ela expõe na Galeria Humberto Betetto, da Caixa Cultural de São Paulo (Praça da Sé, 111) um mapa desses povos brasileiros e vídeos realizados pelos índios. A exposição “Povos indígenas no Brasil” abre para convidados no sábado, dia 19, às 11h, e poderá ser visitada pelo público, gratuitamente, até 15 de maio, de terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Escolas das redes municipal e estadual podem agendar visitas mediadas e traslado pelo telefone (11) 3321-4400.
RegiãoEtnia
NorteWauráMatis/Zoró
Tucano
Yanomami
Suruí Paiter
Arara
Kayapó
WhaiãpiAshaninka
Krahô
Cinta Larga
Xerente
Tapitrapé
Carajá
NordesteTingui BotóPataxó
Canela
GaviãoXucuru
Centro-oesteRikbaktsaEnewanê Nawe
Bororo
Pareci
Kuikuro
Terena
KadiwéuXavante
Waurá
Guarani Kaiowá
SudesteKrenacXacriabá
Guarani M’Byá
PankararuMaxacali
O interesse de Rosa pelos povos indígenas começou em 1989, no Encontro de Altamira, no Sul do Pará. “Várias etnias se reuniram para protestar contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, diz a fotógrafa. “Na época, graças à divulgação do protesto pela imprensa mundial, a usina foi suspensa. Agora, depois de tantos anos, foi aprovada pelo governo Lula”, lamenta.
Rosa conta que sempre foi muito bem recebida nas comunidades indígenas e destaca o aspecto que considera mais importante deste seu extenso trabalho: “Acho que é trazer para as pessoas das cidades um pouco da cultura esquecida dos índios do Brasil e fazer com que elas reflitam sobre esta realidade tão diferente. É preciso que todos saibam que esses povos, apesar de estarem longe, são brasileiros como eu e você, têm direitos iguais de atendimento nas áreas de saúde, educação, cultura… Enfim, são cidadãos brasileiros que detêm conhecimentos importantes que aprenderam durante gerações e podem contribuir para que haja um futuro mais justo e equilibrado.”

Dos vídeos, apenas produtora

Os quatro documentários que integram a exposição serão exibidos numa sala em que há assentos para o público e uma TV de 50 polegadas. Neles, Rosa fez apenas a produção executiva: “Deixei toda a parte de criação, roteiro e edição por conta dos xavante”, diz ela, ressaltando ainda que a motivação do projeto Povos Indígenas no Brasil é a frase de Sereburã, um ancião da tribo: “As pessoas não respeitam o que não conhecem.”
Em duas décadas de trabalho, Rosa manteve contato não apenas com os xavante, no Mato Grosso, mas também com povos que vivem praticamente isolados na Amazônia, como os mati e zoró, outros que vivem à beira de rodovias, como os guarani kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e até com os que vivem nas grandes cidades, como os pankararu, de São Paulo.

Palestra no dia 12 de abril

Repórter fotográfica premiada na década de 1980 por trabalhos na Folha de SP e na revista Veja, Rosa Gauditano publicou cinco livros depois de se especializar nas culturas indígenas brasileiras, entre os quais “Raízes do povo xavante” (2003) e “Aldeias Guarani M’Byá na cidade de São Paulo” (2006).
Uma guarani m’byá terá participação especial na exposição “Povos indígenas no Brasil”: Jaciara Martim, que fará palestra no dia 12 de abril, às 19h. Formada em Serviço Social pela PUC de São Paulo, Jaciara concluiu o curso com a monografia “Considerações sobre o trabalho para o povo guarani e as decorrências do seu contato com a sociedade capitalista” e, além de dar aulas como professora do estado, foi agente de saneamento do Projeto Rondon.

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