Atividade, emprego, inflação, crédito, inadimplência, gasto público, endividamento, são alguns dos ingredientes mais importantes do caldeirão da economia. A mistura entre eles determina se um é país saudável ou anêmico, anoréxico ou obeso.
 
 O índice de atividade econômica do BC de fevereiro (IBC-Br), que funciona como uma “prévia” do PIB, fechou em queda de 0,23%. Ele veio até melhor do que o mercado esperava; ainda assim é fraco. O comércio ajudou a segurar uma queda maior do índice. Além deste, outros indicadores deste ano mostram que a economia brasileira ainda está fria, não tão fácil de engolir, principalmente enquanto o sabor da inflação predominar no tempero.
“O caldeirão mostra que a leitura dos riscos inflacionários na economia ainda é difícil. O IBC-Br mostra uma economia com duas marchas. Uma com a indústria desacelerando e outra com o comércio aquecido. Nunca se sabe como isso vai bater na inflação. Atividade fraca, em situação normal, sugere que inflação não preocupa e abre espaço para corte de juros ”, avalia o economista Roberto Padovani, da Votorantim Corretora.
Quando acrescentamos o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do primeiro trimestre, com queda de 24,1% em relação ao mesmo período do ano passado, o caldo econômico fica com sabor ainda dúbio.
“O mercado de trabalho continua aquecido. A taxa de desemprego continua muito baixa. Não vejo os dados do Caged como um sinal de queda do emprego e sim no ritmo de formalização da mão de obra”, diz Padovani.
No ranking dos setores que mais empregaram com carteira assinada estão justamente aqueles que ainda mantêm ritmo forte e inflação ainda mais alta do que o índice geral: serviços, construção civil e comércio.
A inadimplência é um ingrediente importante para perceber o limite de consumo da população. Pois ela cresceu 18,2% nos primeiros três meses do ano, segundo a Serasa Experian.
“A inadimplência que vemos hoje reflete mais o que aconteceu no passado, como a alta nos juros no começo de 2011 e o aumento da inflação. Nós estamos num processo final desta alta porque as condições de renda estão favoráveis, o mercado de trabalho continua aquecido e já temos menos inflação. Com menos inflação e mais ocupação e renda, a inadimplência fica controlada”, avalia o economista da Votorantim Corretora.
O sal do caldeirão é a taxa de juros. O BC sinaliza que vai continuar reduzindo, com uma queda da Selic já dada como certa na reunião do Copom que acontece esta semana. Os juros devem ir para 9% ao ano e devem ficar um tempo por aí.
Na hora de experimentar o caldo, BC e analistas de mercado ainda parecem sentir sabores diferentes. Para o BC a inflação já não predomina e a economia mais fraca permite salgar menos a mistura. O mercado ainda não está tão convencido assim, já que resiste a baixar muito suas expectativas.
Na prova final, vamos saber quem acertou o ponto da receita reparando quem bebeu mais água durante o banquete.
 
 
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