domingo, 11 de setembro de 2011

Superávit, FED, Copom e livro bege – a economia tem cada uma…


ECONOMÊS

Superávit, FED, Copom e livro bege – a economia tem cada uma…

O Opinião e Notícia estreia hoje, 8 de setembro, uma nova coluna sobre economia e seu impacto na vida dos brasileiros. Quem assina é o jornalista Claudio Carneiro. Confira!

Como o aluno que tem de prestar contas com a professora, o governo fez a lição de casa com suas contas públicas no apagar das luzes de agosto. O superávit primário – a projeção da diferença entre as receitas do governo e suas despesas (igualzinho ao que acontece na sua casa) – cuja meta era de 2,9% do PIB, deverá atingir os 3,2% – cerca de R$ 118 bilhões.
Isso quer dizer que o governo terá R$ 10 bilhões a mais para pagar a dívida pública, evitando pressões inflacionárias adicionais. Ou seja, o governo faz o mesmo que todos gostaríamos de fazer com nossos orçamentos: guardar dinheiro e  sofrer menos com os juros – mesmo gastando tanto quanto em 2010. O aluno desta fábula é o ministro da Fazenda Guido Mantega. E a professora Dilma parece feliz com o desempenho dele.
Igual ao que acontece em nossas vidas, quanto menos dívidas tivermos menores serão os juros que se esvaem por entre nossos dedos. Quem paga conta em atraso sabe muito bem o que os juros de cartão de crédito ou de cheque especial provocam num orçamento debilitado. No âmbito do governo, o aumento do superávit já teve seus desdobramentos e resultou na inesperada redução das taxas de juros anunciadas a cada 45 dias nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Na reunião ordinária do último dia 31 de agosto não deu outra: a pressão dos ministros da base política do governo contribuiu para a queda dos juros de 12,50% para 12%. Diretor executivo para a América Latina da Ipreo – empresa que presta serviços de análises de mercado na área de investimentos – Fernando Carneiro não vê incoerência ou precocidade do governo: “Ele apenas se posiciona como mais pessimista em relação ao cenário externo. A situação fiscal não foi enfrentada de forma estrutural. Podemos ter momentos de maior bonança fiscal aqui e ali, mas são eventos sazonais. Em caso de encarecimento recorrente do preço do capital, teremos que voltar ao remédio monetário, pois a resposta fiscal estrutural não é sentida pelo mercado com maior rapidez”, avalia. 
Analistas de mercado já estão de olho na próxima reunião – no dia 19 de outubro – que dirá se o governo está jogando certo. Ou errado. “O governo indica viés de queda forte na sua intenção teórica, mas temos que aguardar algumas tendências de comportamento de bolsa, inflação e confiança. Talvez fosse melhor uma queda de .25 na taxa Selic indicando um afrouxamento mais prudente”, interpreta Carneiro. 
Reuniões como estas do Copom foram inspiradas – digamos assim – naquelas que ocorrem nos Estados Unidos e que resultam na elaboração de um sumário sobre a atividade econômica daquele país – o Livro Bege – que serve de base para decidir a política monetária do Federal Reserve Bank (FED) – o Banco Central norte-americano. Estas reuniões ocorrem oito vezes ao ano, o que dá, exatamente, uma a cada 45 dias.
Passado esse período, o BC volta a se reunir. Além da reunião de 19 de outubro, haverá outra, em 30 de novembro, antes do fim do ano. “Penso que numa hora de incerteza, o mais importante é ser cauteloso e não arrojado. Isso é o que me preocupa. Podemos ter até o final do ano uma situação fiscal deteriorada somada a uma inflação maior, pois é período de Natal, férias etc. Gerenciar a demanda agregada será uma missão muito complicada”, conclui o economista.

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