THE ECONOMIST
Um duro caminho rumo à reeleição
Crise econômica e alto índice de desemprego podem custar a Barack Obama seu segundo mandato

Os problemas de Barack Obama podem perturbar seu sono durante a noite, mas há uma ideia que pode fazê-lo dormir mais tranquilo: presidentes em exercício são mais difíceis de serem derrotados. Dos últimos dez presidentes norte-americanos que buscaram um segundo mandato, sete foram reeleitos.
Este talvez seja o único precedente que Obama tem a seu favor atualmente. O crescimento econômico é menor do que registrado durante as gestões de Gerald Ford ou George H.W. Bush antes de suas derrotas nas urnas. O desemprego não atingia níveis tão altos antes de uma eleição desde os anos 1940, e o poder individual de compra, visto por muitos como um fator mais decisivo que qualquer indicador econômico, caiu durante o governo de Obama.
As pesquisas corroboram as indicações econômicas. O índice de aprovação de Obama, que se manteve por volta dos 50% por um ano e meio, caiu para 40% nos últimos dois meses, o que o deixa longe das perspectivas plausíveis de reeleição, aproximando-o do cenário de Jimmy Carter, que não conseguiu se reeleger. Uma maioria de eleitores diz que abandonará Obama e votará em um republicano se tiver a chance.
Tudo isso pode mudar nos 14 meses antes da eleição em novembro do ano que vem. O crescimento ainda pode aumentar, e o desemprego pode cair. Os eleitores não esperam que o presidente tire da manga uma cura milagrosa para a economia, só esperam alguma melhoria no cenário. Reagan partiu para a reeleição em 1984 com os mesmos níveis de desemprego que haviam afundado Carter quatro anos antes. A diferença é que, embora o desemprego fosse alto, ele estava caindo rapidamente.
Esse é o argumento que tem sustentado os apoiadores de Obama no último ano, e até alguns meses atrás soava bem plausível. Entre novembro e março a taxa de desemprego teve uma queda de 8,8%, e a Casa Branca, que espera repetir a façanha de Reagan, afirmou que essa fora a maior queda desde 1984. Austan Goolsbee, então chefe do Conselho Econômico de Obama, afirmou que os Estados Unidos estavam “vendo sinais de que as iniciativas do governo estão criando as condições para crescimento sustentável e criação de empregos”.
Mas os sinais de uma renovação se mostraram falsos. O crescimento estagnou, o desemprego chegou a 9,1% – um número considerado “inaceitável” pelo governo – e Goolsbee se demitiu. Não há perspectiva de grandes melhoras antes da eleição, e a própria projeção da Casa Branca aponta um índice de 9% de desemprego para o ano que vem. As dificuldades econômicas da Europa e do Japão também não amenizam o cenário que parece piorar a cada dia.
Apesar dos incansáveis discursos de Obama, há pouco que ele possa fazer para mudar essa situação. Os republicanos do Congresso continuarão a criar obstáculos para medidas de criação de empregos, que também levarão a perdas nos empregos públicos, e a propor medidas que nunca serão aceitas, como interrupções nas reformas de saúde e do sistema financeiro. Obama pode responder, condenando os republicanos, mas isso diminuiria sua posição entre os eleitores independentes, que buscam alguém que diminua as tensões partidárias ao invés de inflamá-las.
A economia norte-americana ainda estará em frangalhos quando os eleitores forem às urnas no ano que vem, e ele terá que lutar para desviar a culpa. Isso não significa que ele esteja condenado. Franklin Roosevelt conseguiu se reeleger sob circunstâncias ainda mais complicadas, e Nixon conseguiu um segundo mandato apesar de um aumento violento nos índices de desemprego.
Por outro lado, a Dakota do Norte tem o mercado de empregos mais forte do país, mas os índices de aprovação de Obama caíram no estado mais do que em qualquer outra parte dos EUA. As pesquisas também não têm tanto poder de previsão. Harry Truman venceu uma eleição apesar de índices terríveis nas pesquisas, e o George H.W. Bush foi derrotado depois de liderar durante todo o ano.
As pesquisas mais recentes mostram Obama perdendo para republicanos genéricos, mas derrotando o líder na corrida republicana, Rick Perry. Existe a grande possibilidade de que o Partido Republicano indique um nome incapaz de explorar o frágil estado da economia. Mas essa é uma aposta que pode deixar Barack Obama sem dormir por muitas noites até o dia da eleição.
 
 
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