Mostra traz filmes silenciosos acompanhados de música ao vivo em São Paulo
Por Redação, com ABr - de São Paulo
Imagens em movimento que contam histórias sem voz ou som ambiente. Essa é a essência da quinta edição da Jornada Brasileira do Cinema Silencioso, este ano com 57 obras do início do século XX.
– É um cinema muito bom. Ao invés de uma deficiência, eles aproveitavam o fato de não ser falado para narrar a partir de outros elementos, da montagem, dos atores, da movimentação. Era uma outra linguagem – explica o curador musical do evento, Livio Tragtenberg.
Ele foi o responsável por selecionar os músicos que acompanham com performances ao vivo a exibição das películas. As apresentações são praticamente uma atração a parte e têm a finalidade de aproximar os filmes da atualidade.
– Trabalho muito pouco com a ideia passadista de ilustrar o filme, uma coisa decorativa na música. A gente tenta atualizar, no sentido de fazer músicas que tragam interesse para o expectador de hoje nesses filmes – afirmou.
São obras que retratam os ideais e o momento histórico de quando foram produzidas, destaca o curador da mostra Carlos Roberto de Souza. Como exemplo ele cita a série de Maciste, um herói cinematográfico italiano da década de 1910.
– Era um herói potente, musculoso e forte da Itália daquela época. É uma coisa muito engraçada, é um seriado de aventuras – conta.
O cinema silencioso italiano é o principal foco da jornada deste ano. “A gente vai ter uma visão geral desse cinema silencioso italiano em suas diferentes manifestações”, ressalta Souza. Segundo ele, a Itália foi um dos primeiros países a fazer cinema de importância mundial, “paralelamente ao cinema francês e dos países nórdicos”.
Também serão exibidas produções brasileiras, francesas e alemãs. Filmes que, de acordo com Souza, são de difícil acesso para o público em geral, mas que têm recebido atenção crescente.
– Há umas décadas (esses filmes) eram redondamente ignorados, ninguém dava importância para eles – lembra.
Filmes que Souza faz questão de chamar de silenciosos, em oposição ao termo “mudo”, geralmente usado para definir o cinema sem som.
– Essa ideia de cinema mudo parece que é um cinema deficiente, um cinema que falta alguma coisa – reclama.
Um dos grandes momentos do festival deverá ser a exibição do italiano de 1913 Os Últimos dias de Pompeia – ao ar livre no Parque Ibirapuera ao som da Banda Jazz Sinfônica de Diadema. A maior parte da mostra ocorrerá, no entanto, na Cinemateca Brasileira, entre os dias 5 e 14 de agosto.

 
 
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