gERAÇÃO Y
Bom ambiente de trabalho é um dos principais fatores de retenção de profissionais
Salário não é mais aspecto primordial na hora de decidir mudar de empresa. Por Fernanda Dias
O que te levaria a não aceitar uma proposta para mudar de empresa, mesmo com um salário maior? Para muitos trabalhadores, o bom ambiente do atual emprego é um fator capaz de demovê-los da ideia de encarar uma nova oportunidade. Um estudo divulgado recentemente pelo portal “Trabalhando.com” mostrou que, para 52% dos entrevistados, esse é um dos principais quesitos responsáveis pela motivação no dia a dia. O clima agradável acaba fazendo também com que o funcionário pense duas vezes antes de buscar um novo desafio. E isso pode valer ouro para as empresas em tempos de competitividade acirrada por profissionais, principalmente em áreas com escassez de pessoal qualificado.
O aquecimento da economia e o desejo maior de mudança entre trabalhadores da geração Y (nascidos entre 1980 e 2000) têm estimulado o troca-troca. Um levantamento realizado pela consultoria de capital humano DBM, com 770 profissionais que ocupam cargos de liderança em 12 áreas, revela que 45% pretendem continuar em suas empresas por, no máximo, mais três anos. E somente 7% do total consideram remuneração inadequada um fator decisivo na hora de sair do emprego.
Segundo Jane Souza, consultora de RH do Grupo Soma Desenvolvimento Corporativo, ter um clima amigável no trabalho é um ponto primordial de retenção não só para executivos e gerentes como para todos os cargos. Ela explica que as novas necessidades dos profissionais estão fazendo com que empresas passem a adotar estratégias e benefícios para reter mão de obra:  “Afinal, não é possível aumentar o salário de um bom profissional de 15 em 15 dias para fazer com que ele fique na empresa”.
Para a gerente de RH da rede de lanchonetes MegaMatte, Julyana Felícia, vários fatores estão envolvidos no conceito do que é um “bom ambiente de trabalho”. Para conseguir isso, as empresas devem, por exemplo, valorizar as pessoas e oferecer oportunidades de crescimento. Além disso, o local de trabalho pode se tornar mais agradável se os funcionários perceberem facilidades para expor suas ideias. “Eles avaliam ainda se existe flexibilidade, liberdade de expressão e, principalmente, se o relacionamento com o gestor e colegas é bom”, diz Julyana.
A antiga técnica da competição interna está caindo por terra diante dos benefícios do trabalho em equipe e dos prêmios obtidos através de cumprimento de metas. “A competição interna pode destruir a cooperação e estimular atos imorais, já que um tem que obrigatoriamente perder para o outro ganhar. Há sempre o risco da demissão, do julgamento, da punição”, ressalta Julyana.
A preocupação com o ambiente de trabalho é tão grande que algumas consultorias são especializadas em avaliar o “clima” da empresa. O objetivo é identificar a percepção dos funcionários em relação ao ambiente organizacional.  Os relatórios buscam apontar o que pode ser feito para que os trabalhadores fiquem satisfeitos e não busquem outro emprego.  “Esse tipo de pesquisa desvenda as causas de problemas que a organização vem enfrentando e aumenta o grau de compreensão a respeito deles. Mas, se os relatórios terminarem na gaveta do dirigente da empresa, as expectativas criadas ficam sem resposta, e a própria iniciativa da pesquisa acaba contribuindo para tornar o clima menos favorável”, explica Juliana.
A empresa também pode contribuir para o bom ambiente de trabalho oferecendo pacotes diferenciados de benefícios, como viagens, cursos no exterior, flexibilização de horários, e principalmente perspectivas de crescimento profissional:
“O bom colaborador tem que desenvolver suas competências, e a empresa tem que dar suporte para isso. Agora, o trabalhador, por sua vez, tem que entender que, para fazer exigências, ele precisa ter um tempo na empresa, construir uma história ali”, enfatiza Jane.

 
 
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